Nascimento do fotojornalismo brasileiro
Augusto Malta, considerado o primeiro fotojornalista brasileiro.
Crédito: Não Informadod
A fotografia no início era utilizada como suporte de memória para armazenamento de história. As imagens fotográficas passaram a ser utilizadas em veículos jornalísticos brasileiros por volta dos anos 1900, mas ainda não eram produzidas reportagens fotográficas. O que ocorria era o uso da fotografia com o intuito de traduzir em imagens um acontecimento, uma preocupação com a leitura da imagem em si.
A fotografia documental no Brasil, em 1910, ganhou destaque com seu significado político e social, através de Augusto Malta (considerado o primeiro fotojornalista brasileiro), conhecido como o mais expressivo cronista visual do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX, ao fotografar cenas do carnaval carioca. Considera-se que Malta foi o primeiro fotógrafo a ter uma visão jornalística dos acontecimentos.
Em 1920, grandes empresas de fotografia (Leica e Ermanox) investiram em tecnologia e proporcionaram a criação de equipamentos que permitissem maior mobilidade aos fotógrafos, além de possibilitar a realização de poses mais naturais e instantâneas. O reflexo disso na imprensa foi imensa, já que, agora, produzir uma boa imagem jornalística passaria a depender exclusivamente da habilidade e da sensibilidade do repórter fotográfico. A imagem começou a ganhar maior importância com relação ao texto; a produção jornalística deixou de ser informação verbal ilustrada passando à informação visual auxiliada por texto. Considera-se a década de 1920 um dos marcos da fotorreportagem no Brasil.
Nos anos 40, o fotógrafo passou a ter uma maior importância no mundo jornalísticos, e passaram a assinar suas fotos. Essa década também ficou marcada pela crescente qualidade dos equipamentos de captação e transmissão de imagens, pela busca dos fotógrafos em captar imagens em ângulos diferenciados e pela participação dos fotojornalistas brasileiros no trabalho de registro da Segunda Guerra Mundial, como por exemplo Joel Silveira – enviado para a frente de batalha por Assis Chateaubriand.
A fotorreportagem, em 1950, antes divulgada apenas em revistas semanais, ganhou força ao conquistar as páginas dos jornais. O jornal “Última Hora” foi o primeiro a publicar uma fotorreportagem no Brasil. No mesmo ano a objetividade defendida no texto atingiu a imagem. A adequação pela qual passaria a imprensa brasileira consistia em adotar formatos que inserissem o jornalismo na modernidade, traduzida na busca de técnicas que levassem o leitor a acreditar na notícia como verdade em si, e daí a importância da fotografia. Outro marco nesse período foi em 1957 quando o Jornal do Brasil mudou as capas dos jornais, antes reservadas apenas a anúncios, publicando fotografias na primeira página.
No período da ditadura no Brasil, entre os anos de 1960 e 70, o governo dificultava a ação dos jornalistas, controlando e censurando a imprensa, principalmente com a instituição do AI-5, em 1968. Muitas vezes o gancho da matéria era a fotografia. Os acontecimentos diários eram registrados em lances e sequências, valorizavam-se os detalhes, o lado humano e os problemas urbanos, evitando-se a publicação de fotos sensacionalistas violentas e chocantes. Em 1962, Alberto Dines, realizou o primeiro Prêmio Esso de Fotografia.
Com a derrubada da ditadura possibilitou muitos periódicos se restabelesesse e voltasse a produzir informações com mais tranquilidade. A década de 1980 ficou marcada pelo surgimento dos manuais de redação para sistematizar as ações do jornalismo e, no final da década, pelo nascimento do sistema digital de captação e transmissão de imagens. Uma das primeiras câmeras fotográficas digitais próprias para o fotojornalismo, a Fujix, foi fabricada pela Fujifilm, no Japão, em 1989, com capacidade para 21 fotos.
Mais Futuramente o fotojornalismo sofre transformações proporcionadas pela tecnologia digital, as principais a serem destacadas é a difusão da internet e dos equipamentos digitais que possibilitou a transmissão on-line de textos e imagens.
A primeira experiência de cobertura de um grande evento de fotojornalistas brasileiros (da Folha de S. Paulo) equipados com câmeras digitais se deu na Copa do Mundo de futebol de 1998. A praticidade e agilidade proporcionadas pelas câmeras digitais foram – e são – a maiores razões para que os veículos de comunicação adotem a tecnologia, especialmente em uma época em que tudo deve ser instantâneo. Uma questão importante também é a de que técnicas e conceitos do fotojornalismo estão tendo de se adaptar à nova forma de fotografar e, principalmente, ao surgimento das fotos feitas por amadores, que vêm sendo utilizadas pelos jornais.
Referência bibliográfica:
MONTEAL FILHO, Oswaldo; GRANDI, Larissa. A imprensa na história do Brasil: fotojornalismo no século XX. Rio de Janeiro, Puc Rio, 2005.